Duplicação da Dutra isola moradores
Raphael Bittencourt / Carlos Valeriano
Fotos: Marco Antonio Oliveira
Poeira, lama, entulho, barulho, trânsito caótico. Estas são algumas das reclamações de moradores do bairro Jacutinga, em Mesquita, que fica às margens da Rodovia Presidente Dutra. Segundo eles, a CCR Nova Dutra, concessionária que administra a rodovia, iniciou as obras de duplicação da pista há cerca de oito meses, deixando a população isolada e sem acesso aos grandes centros.
As obras prometem dar fim aos longos congestionamentos enfrentados diariamente pelos motoristas que utilizam a Dutra, mas como qualquer obra, tem causado transtornos aos moradores da Jacutinga. Quem faz a denúncia é a presidente da Associação de Moradores do bairro, Wânia Regina, que também revela o abandono do local.
“Os moradores da Rua Antônio Borges estão sem coleta de lixo há meses, pois a rua foi interditada e não há como o caminhão passar, nem mesmo carros de passeio. Além disso, as ruas no entorno da obra estão menos seguras, pois com o difícil acesso, as viaturas da PM não passam com regularidade”, contou Wânia Regina.
Além disso, a presidente cobra uma solução da concessionária para que haja viabilidade do acesso à Dutra para os moradores do bairro. Ela conta que eles precisam trafegar por bairros vizinhos até encontrar uma saída para a rodovia.
“Como não há acesso pela Jacutinga, o fluxo no trânsito aumenta, prejudicando o asfalto das ruas, que não está preparado para receber tantos veículos. O trabalhador que vai para o Rio ou Nova Iguaçu precisa dar uma longa volta por bairros como Santa Clara e Vila Nova até chegar a Dutra”, revelou.
Mesmo quem não enfrenta o caos do trânsito e as ruas esburacadas para sair do bairro, sofre com os transtornos da obra. A dona de casa Eliane Silva, 47 anos, moradora da Rua Antônio Borges, 1814, revela que já precisou ir ao médico tratar uma forte dor de cabeça causada, segundo ela, pelo barulho diário das máquinas.
“Em frente a minha casa tem essa enorme pilastra que me deixou muito doente, porque o bate-estaca fazia minha casa tremer e o barulho era ensurdecedor. Eles trabalham durante o dia, à noite e até mesmo nos feriados. Tive que ir ao neurologista, pois tinha dores de cabeça constantes”, disse Eliane, que vive com o esposo, a filha, o genro e cinco netos.
Famílias querem indenização
O projeto de duplicação do trecho da Dutra prevê que a nova pista passe sobre a casa de Eliane. Ela garante que o imóvel é regularizado e afirma que só sairá do local mediante indenização da concessionária. No entanto, a CCR Nova Dutra ainda não fez contato.
“Estou aguardando a presença da assistente social da Nova Dutra que prometeu vir até minha casa, mas ainda não apareceu. Não sei se serei removida. Só saio daqui se for indenizada, pois não tenho dinheiro para comprar uma nova casa”, disse Eliane, que mora no local há dez anos.
Até o fechamento da edição a assessoria de imprensa da NovaDutra não enviou resposta sobre o assunto.
